JO ZANDER
Um pouco do bem: a história de Jo Zander
O fundador da fábrica de chocolate “Holy Cacao”, perto de Hebrom, Jo Zander, é uma das poucas dezenas de produtores mundiais de chocolate. Ele vê seu trabalho como a realização de um importante mandamento no judaísmo: melhorar o mundo.
Qual é a sua conexão com o chocolate? Como você chegou a fundar uma fábrica de chocolate?
“Minha conexão com o chocolate é antiga e nova. Meu avô era padeiro e trabalhei para ele quando criança. Eu não gostava de chocolate naquela época, nem de doces, mas lá aprendi a fazer coisas do zero.
Então fui para a faculdade e estudei engenharia, o que não foi muito emocionante para mim. Trabalhei um pouco no campo e, depois de três anos, não consegui mais. Então, saí da engenharia e fui para a escola de culinária, e lá redescobri o chocolate. Foi em um momento em que havia apenas cinco empresas nos Estados Unidos fazendo chocolate a partir do grão, e uma delas estava em Denver, Colorado, onde eu morava. Liguei para eles e perguntei se podia ir conhecê-los, e fui tomado pelo cheiro, pelos grãos… Eles fizeram um chocolate muito amargo, e havia sabores que nunca encontrei em um chocolate. Foi algo emocionante que eu nem sabia que existia.”
Então, você decidiu que iria abrir a sexta empresa de chocolate?
“Basicamente sim. A partir dessa excitação inicial, cresceu esse processo de exploração de tudo que fosse possível – árvore, cultivo, colheita, processamento.
Não havia um lugar para aprender.
A indústria não existia. Havia conversas on-line de entusiastas, inclusive eu, sobre como você pode fazer máquinas para fazer chocolate. É preciso muita energia para transformar o grão em chocolate. Você tem que reduzir o tamanho do grão em até 100 vezes, e não há uma única máquina que possa fazer isso, você precisa de várias. Nós (eu e minha parceira) começamos a construir nossas próprias máquinas. Nosso primeiro torrador foi um secador de 10 anos.
Houve muitas descobertas e experimentações, e foi assim que a empresa começou a trabalhar, e graças a Deus, em alguns anos, conseguimos comprar máquinas que eram melhores em termos de capacidade de produção. Cultivamos cacau na América do Sul, então controlamos todo o processo, sabemos exatamente o que entra no chocolate que produzimos. Também importamos grãos de outros lugares como o Papau Nova Guiné, Madagascar e Venezuela.”
Por que você escolheu se estabelecer na área de Hebrom?
“Um amigo meu uma vez me convidou para visitar este lugar, quando eu estava estudando em uma yeshivá em Gush Etzion. Enquanto eu estava dirigindo, pensava: ‘Isso é muito longe, há muitos árabes, não parece que posso viver aqui… Mas quando cheguei no topo da colina, toda a visão se abriu, eu pude ver o mar Morto. Isso não acontece todos os dias, mas naquele dia estava bem claro. E eu pensei que queria ter essa visão para o resto da minha vida. Naquela época, eu não sabia ainda que receberia tanto amor e apoio da comunidade daqui, que é um sentimento muito caloroso. E o fato de estarmos a 5 minutos de Hebrom, de Avraham Avinu (Abraão, nosso Pai), é muito poderoso.”
É difícil ter uma empresa aqui?
“Muito difícil. Toda vez que temos uma remessa, é muito difícil convencer alguém a entregar nessa área. Mas eu amo trazer pessoas aqui.”
Por que você escolheu se estabelecer fora da “linha verde”, na Judeia?
“Honestamente falando, não vejo a diferença entre essa parte ou aquela parte da linha. Eu não me diferencio em termos de segurança, e considero esta terra parte da terra de Israel. Esta é a terra de Abraão, a terra de Davi. Há tanto sangue judeu nesta terra há milhares de anos! Eu pessoalmente tenho uma conexão com Maarat HaMahpela (a Caverna dos Patriarcas em Hebrom), algo dentro da minha alma se conecta muito a este lugar, mais do que ao Muro Ocidental. Esta é a terra que exige trabalho físico, como produzir azeite de oliva, que vem sendo feito aqui há milhares de anos. Este é o nosso trabalho. Meu trabalho é tornar o mundo um pouco mais doce a cada dia. Isto é o que D’us nos deu. Você pode olhar para este lugar e vê-lo escuro e amargo, e não tão bom, mas estamos sempre à procura de um pouco de bondade, porque um pouco dela é realmente tudo que precisamos.”